quarta-feira, 24 de novembro de 2010

A Guerra Civil do Rio de Janeiro

O Rio de janeiro é uma praça de guerra, por estes dias. Tem ônibus e carros queimados, ameaça de bomba em estação do metrô e nossos políticos falam asneiras a torto na televisão. As bravatas só servem para constatar que não temos ordem e segurança neste estado. Meninotes menores de idade estão brunindo suas armas e mostrando para cidadãos cumpridores de seus deveres com total escárnio. Não há respeito por ninguém e nada.

A solução, parodiando Raul, é alugar o Rio. Nós não vamos pagar nada, será tudo free. Deixa pros gringos tomarem conta. Eles certamente saberão como exterminar com o terror.

O Rio, e o Brasil em geral, é desmandado por default. Como o povo também não cobra nada, ficamos abandonados. Um dia, não muito distante, o Beira-Mar dará palestras motivacionais para executivos encantados com suas estórias sobre fama, fortuna e comando. Ele será um guru da high society. Uma lenda viva que prova o real valor do brasileiro esforçado, self-made man.

Eu não quero estar aqui para ver. Já tirei meu passaporte e vou deixá-lo à mão para qualquer emergência.

domingo, 21 de novembro de 2010

Xenofobia

O assunto é polêmico, mas volta e meia está em voga.
Um brasileiro foi assassinado em Portugal por urinar na rua. Apesar da injustificável violência, os fatos e atitudes do brasileiro, de certa forma, provocaram o crime.

Segundo a esposa dele o assassino xingou e desqualifou os brasileiros, chamando-os de merdas e porcos que só vão a Portugal para sujar o país. A xenofobia se manifestou a partir de uma constatação: o brasileiro estava, sim, emporcalhando o país alheio.

Não é de hoje que estrangeiros saem de seus países e vão buscar oportunidades em outros lugares. O problema é a falta de integração quando chegam ao novo lugar. O mexicanos não aprendem inglês para entrar nos EUA. Os islâmicos se isolam em suas comunidades em qualquer país para o qual imigrem. Isto torna a convivência difícil e, por vezes, animosa.

Particurlamente, eu acredito que quem sai de seu país para tentar a sorte em outro deve aprender o idioma local e tentar, minimamente, interagir com os donos da casa. Achar que não precisa se adequar a nova cultura é um erro inaceitável. As regras devem ser obedecidas. Portugal não é Brasil, e fazer xixi na rua não é uma atitude que eles tolerem. A cultura brasileira de não se importar com seu comportamento e fazer aquilo que não deveria em público irrita os europeus sobre maneira.

Reafirmo que a irritação com a atitude do brasileiro, por parte do português, não justifica o assassinato, mas a discussão deveria ir além e questionar as nossas atitudes fora desta terra adorada e envergonhada com os gestos de seus filhos.

domingo, 8 de novembro de 2009

Prezado idioma,

Venho por meio desta informá-lo que não mais lhe prestarei obediência. De fato, ao longo dos anos, eu negligenciei, deveras, o seu bom uso, mas nunca de forma tão descarada quanto agora.
Não tenho mais saco para ênclises, mesóclises, paráfrases, metáforas. A onda do momento é 'giriar'. Vô falá comu iscrevu pra mi comunicá melhó cum a minha galera.
Tu sempre foste um bicho ruim de lidar, eu aprendi às duras penas, e não consigo mais disfarçar que transformei-me em um semi analfabeto. Emburreci. Como todos os 'fanqueiros' e pagodeiros que te jogam ao chão, e fazem Camões revirar-se no esquife, com letras absolutamente desnecessárias, porém popularíssimas. Que contagiam multidões pelo minimalismo sacana e sem pudor; como um câncer em metástase incontrolável. Não quero ser um estandarte de tuas virtudes. Quero poder misturar tuas pessoas sem me preocupar com o erro. Não desejo ser pária. Excluído de "conversas" por falar corretamente, e ser rotulado de empolado. Não corrigirei os deslizes alheios, não vou mais correr risco de morte ao tentar explicar a diferença entre onde e aonde.
Você é ingrato com quem te trata bem. Fui um assíduo frequentador de teus livros gramaticais e dicionários. Mas defenestraste-me de minha vida social. Perdi amigos, ganhei rancores, adquiri vícios, assenti excessões às suas regras para conviver. Tudo em vão. A culpa de meu desterro é tua, ó tão malévolo idioma meu. Deitado eternamente em teu berço platinado se faz de vítima com seus corretores ortográficos robotizados e erráticos. Aqueles que corrigem acertos e ignoram falhas. Que tuas tremas ardam no inferno de Dante, junto aos acadêmicos imortais e dos políticos aculturados e oportunistas; teus verbos e conjunções sejam chacinados pelos modismos. Que utilizem nas orações subordinativas adversativas causais frases que não expressem subordinação e muitos menos oposição à idéia anterior.
Que te sufoquem, suprimam e simplifiquem. Que sejais corrompido por estrangeirismos das mais bárbaras línguas. E, por fim, feneça nos anglicanismos do american way of life. Um idioma simples e que não faz distinção de gênero, seu discriminador.

Adeus.

sábado, 23 de junho de 2007

O negócio é ter sentimento

Eu não quero promover ainda mais a guerra entre os sexos. Já existem guerras por demais no mundo, hoje. Mas este texto é só mais uma tentativa de melhor entender as mulheres; ou algo parecido.

Os seres do sexo feminino são românticos, sensíveis, emotivos e por aí vai. Homem é rude, simplista. Isto posto, é natural que as mulheres tenham desenvolvido o poder de sedução de forma mais acurada que os homens (graças a Deus!); o que faz delas grandes vendedoras, promotoras de si mesmas, verdadeiras Dudas Merdonças...

Parecendo propagandas sexuais ambulantes, cheias de promessas e sedução, as meninas atiçam os meninos dos meninos, percebem? Não podem reclamar quando um rapaz, ou vários as tratam como objeto - somos simplistas, lembram? Elas assemelham-se à propaganda de carros esportivos: belas curvas, potência(neste caso, sexual) e resistência. O cara compra a idéia, o glamour; o carro é só a concretização da idéia. Com as mulheres é a mesmíssima coisa.

Não adianta fazer carinha de nojo quando um qualquer pega no braço e baba no ouvido só porque o sonho feminino é um príncipe encantado. Imaginação fértil = frustação real. Maquiam-se, botam um belo vestido com aquele decote, perfume caro e vão pra "night"; um cara normal que não se produziu nem se perfumou mas é filho de Deus aborda e a menina não gosta por quê? Ela não tá vestida provocantemente e toda insinuante à toa, né? - pensa ele, simploriamente. Nem imagina que aquilo tudo é pro príncipe encantado, que nem sabe da existência dela. Mas.. não é qualquer mané que pode chegar. Qualquer cara pode comprar a idéia mas só OS ESPECIAIS realmente levam o produto.

Eu tenho pena dos esteriotipados, tipo: franzino, míope, sensível e atencioso é arroz, só serve pra amigo. Se é forte demais e tapado como uma mula, é brucutu, mas tendo um corpo legal serve como passatempo; enquanto o Lord não chega...

As mulheres pensam como é legal ser desejadas por todos. É tipo um esporte. Desejo pode, assédio não. Como dito anteriormente: o objeto pode ser desejado nunca tocado. Só que o objeto em questão pensa, sente, anda e fala, como fala. Mas ainda assim é um objeto, para a mentalidade óbvia dos homens.

Exemplo lúdico: O que as crianças, quando vêem um briquedo novo anunciado na TV, fazem? Pedem, eufóricas, um igual para elas. Às vezes o brinquedo chega rápido demais e elas enjoam logo; outras vezes ele é ansiado por meses, elas (as crianças) fazem de tudo para consegui-lo e finalmente quando conseguem rasgam todo o lindo envólucro e vão logo aos finalmente. realizado o desejo, o brinquedo (objeto) é descartado como qualquer outro. Perguntando-se porquê? Eles têm valor passageiro, quando acaba, acaba. Deu pra entender a alegoria? Quando crescemos tendemos a interpretar da mesma maneira. Objetos têm uso prático, e pronto. Se não servem mais, os substituímos. Vale pra carro, telefone, casa e mulher-objeto.

Às meninas, fica uma sugestão: menos propaganda e mais humanidade. Não adianta conquistar a todos se só se quer saber de um (se for o seu caso). Não sou machista e este artigo não é sobre comportamento masculino em relação às mulheres. É sobre as mulheres(a quem tanto amamos) e seu comportamento propagandístico perante os homens atualmente.

Die young, stay pretty!

Já dizia a minha finada avózinha: "a pessoa pode ter sido uma cretina em vida mas depois que morre vira santa. Todos se põe à exaltá-la, lembram seus feitos e recordam-se de suas habilidades".

Conversava outro dia com um amigo a respeito dos mitos que se criam quando alguns artistas passam dessa para uma incógnita - quem me garante que é melhor do outro lado?

Por quê John Lennon é celebrado mais morto do que quando era vivo? Quando ele dizia para darmos uma chance a paz, o chamavam de louco. A única loucura que fez foi casar com a Yoko, mas isso é assunto pra outro post. Aí, o Mark Chapman o assassinou e foi criada quase que instantaneamente a Lennonmania. Nem nos Beatles era assim. Morreu jovem - aos 40 -, como a maioria dos roqueiros de sua geração cantavam/apregoavam. Entrou para a história mais cedo. O mesmo aconteceu com Kurt Cobain, um idiota corajoso que no auge do sucesso meteu uma bala "nas idéias"; de overdose morreram jovens - coincidentemente, todos aos 27 anos - Jimi Hendrix, Jim Morrison e a porra-louca da Janis Joplin. O tempo relegou a um segundo plano o mais importante: a obra deles. O culto a memória é mais interessante.

O Paul McCartney ainda está vivíssimo lançando disco maravilhosos e ficando velho. Esse talvez seja o problema com mitos. No imaginário coletivo eles não envelhecem. Envelhecer é uma merda, estraga toda a idealização feita em cima do artista. Imaginem o James Dean, hoje, careca e barrigudo. O mundo é dos jovens. Dos rebeldes sem calças, de todas as esperanças e do futuro. Velhos não têm futuro. São o passado, a morte que ronda à todos nós. Teria o Mark Chapman errado de Beatle? Acho que sim. O Macca é sem dúvida melhor, mais criativo e altivo que o Lennon, mas não morreu jovem. Será lembrado, com certeza. Porém, acho difícil que venha a ter uma mitologia tão grande quanto a de seu companheiro de banda. Como não o terão Eric Clapton, Roger Waters e Eddie Vedder. Esses conseguiram viver mais tempo. Ultrapassaram a barreira da juventude logo serão recordados pela decrepitude, embora sejam melhores que os mortos supracitados.

Democracia é coisa do demo!

Os brasileiros são preguiçosos e aproveitadores. É só ter um feriado ou dia livre que logo correm à praia para aproveitar o sol e se espreguiçar numa rede, tomando água-de-coco. Você 'tá lendo isso e se pergunta: e a Democracia e o demo a ver com isso?

Vamos lá. Por causa da praia ou dia livre, os ignorantes brasileiros deixam tudo de lado, inclusive seu futuro. É, o futuro deles depende de em quem eles votam nas eleições, mas os mesmos não ligam a mínima para isso. Por que se importar com algo que só acontecerá em alguns anos se se pode curtir um sol maneiro hoje?

Por pensar assim os brazucas choram as pitangas quando já é tarde. Reclamam muito dos políticos que eles mesmos elegeram ou, por não votar, deixaram de eleger. Ficam putos com a situação precária, quase indigente em que são deixados pelos governantes, mas A-D-O-R-A-M ganhar os brindes, bonés e camisetas durante a campanha.

Desse jeito, acumulam frustrações seguidas, mas não tomam vergonha na cara. Votam pela simpatia, pela beleza, pelos brindes, menos pelo que é correto: propostas sólidas e boas idéias. Chiam quando o barraco é levado pela chuva, quando ficam presos no enorme engarrafamento no meio do dia, quando há um blecaute generalizado na cidade. A culpa é do governante incompetente ou do povo, que votou nele? Outra coisa sobre o povo: Botar uma dúzia de filhos no mundo para passar fome junto com eles não ajuda na situação. Não consigo entender a matemática: 1(um) na pindaíba + 1(uma) na miséria = 14 indigentes. Não há governo que dê jeito nisso. Enquanto o povo pensar que a obrigação de sustentar os filhos que eles têm é dos governantes, a população se fode mais e a democracia sai chamuscada. Porque eles colocam nos outros a responsabilidade que seria deles.

Quem prefere um dia de praia e reclama de ter que votar é o mesmo imbecil que vai afirmar, depois das eleições, que todos os políticos são safados mesmo, que não faz diferença votar em Fulano ou Beltrano. A democracia das elites agradece o seu desinteresse e pede, por obséquio, que ignore as próximas eleições também, e todas as seguintes. Porque, enquanto você disser que a democracia só serve aos interesses dos ricos e poderosos é que ela só servirá mesmo a estes interesses. E por favor, pensamento livre, sempre. Pastor que pede votos aos fiéis não tem credibilidade nem para divulgar a palavra de Deus. E demo=povo, certo?

Só a dor é real (CONTO)

O sol mal raiou e o rádio-relógio toca os acordes iniciais de Stairway To Heaven. Ele se levanta perguntando porque realmente precisa fazer isso. Todo dia, sempre a mesma coisa. Nada lhe parece real. Apenas a dor. A dor faz algum sentido. Talvez por isso, o mundo seja uma experiência catastrófica: muito sofrimento desnecessário para afirmar uma existência, a busca por razões vazias. o descontrole, a destemperança, tudo misturado com pólvora num caldeirão global de água fervente.

Sentado na cama olhando os prédios que bloqueiam a passagem dos primeiros raios de sol, ele se sente minúsculo. A imensidão é outra irrealidade. Os homens têm fome de desbravar, conquistar, erigir, modificar. Naturalmente o fazem com o intuito de não pensar em mais nada durantesua jornada. Isto evita que ele olhe para dentro de si e se assuste com o que enxerga. Ou perceba que não tem controle sobre nada. O que seria muito pior para o seu ego sensível.

Ele se levanta, preguiçosamente. Calça os chinelos e caminha em direção ao banheiro. A tecnologia evolui mais rapidamente do que ele consegue aprender. O barbeador elétrico que ganhou da noiva, no dia dos namorados, não liga de maneira nenhuma. Tem tantas funções impressionantes que até se esqueceram de fazer a mais importante: a de barbear. Ele pensa em como tudo isso é inútil. Seria mais feliz barbudo. Mas o mercado das aparências não permite. Não permite porque tem de movimentar o comércio das tecnologias, das estéticas e até do amor.

Quem precisa de um dia específico para o amor? O dinheiro, claro. As pessoas vivem por ele, e não dele. Não estão nunca satisfeitas como que tem. Precisam sempre de mais. Dinheiro é droga. Devia ser combatido como fazem com a maconha e a cocaína.

Entra no box para uma chuveirada fria. Pensa em como seria bom não ter mais consciência, não tomar ciência do que ocorre em sua volta. O banho acaba. Ele se enxuga, se veste e de súbito esmurra com muita violência a porta de vidro do box, que se parte em uma miríade de pedaços manchados de sangue.