sábado, 23 de junho de 2007

Produtos no mostruário

Os relacionamentos do século XXI são efêmeros. O que começa hoje pode terminar ainda hoje. Consumo, consumo e descarte. Somos produtos no mostruário. É só observar nos youtube, google, myspace e orkuts da vida. Todos se mostram, todos se vêem. Queremos conquistar a todos. Estamos num comercial da vida rural. É o hoje e o agora que importam. Se não serve, joga-se fora e arruma-se outro. A sociedade do consumo em escala global. Sentimento não é nada, sexo é tudo.

Assusta-me perceber que as pessoas não se importam mais com nada. Só consigo mesmas. Somos todos auto-centrados, ególatras sem freios. Mimados por pais incapazes de dizer um não. Temos tudo, e queremos mais. Não importa de que forma conseguiremos, mas conseguiremos. Esta anestesia moral que nos comete, leva-nos aos maiores delírios personalistas. Não temos escrúpulos de passar por cima dos sentimentos aheios. A relação não dura porque não é mais feita para durar. Eu te uso, voçê me usa. É simples. Não precisamos lidar com as adversidades, com o desgaste de uma briga; com opiniões divergentes da nossa. Falta-nos tempo, saco e vontade para entender outrem. Queremos sexo, consumação carnal, libido, tesão.

Companheirismo e união estão em falta. É muito difícil praticá-los com as ofertas que se anunciam, ambulantes(livres e soltas), pelas ruas, todos os dias. O excesso de hedonismo levou-nos à uma busca desenfreada por prazer instantâneo e momentâneo. Tudo muito rápido e em doses cavalares. Mamãe tem um marido que não é pai de seus filhos; ele, por sua vez, tem filhos que não são de mamãe. Todos criados juntos. E quando o 'casamento' terminar, juntam-se e separam-se de novo com outras pessoas. Se a união - aqui entenda-se por família - não fosse importante para a preservação da espécie, nossos ancestrais primatas não andariam em bandos. Seria cada um por si desde o início e nós não teríamos chegado até o presente momento evolutivo. Todos estariam em guerra contra todos. Fosse por comida, território, mulher, poder. O caos absoluto. Ainda bem que as mulheres, todavia, têm mais cabeça. Mas, mesmo elas, estão sucumbindo aos valores de mercado estabelecidos pelos homens.

Eu quero ser salvo! Eu quero romance!

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