sábado, 23 de junho de 2007

Quem conta um CONTO...

Caminhamos pelas ruas da cidade, até pararmos numa praça. Já era noite alta, quando sentamos em um banco sob os auspícios da lua cheia. Eu contei uma piada sem graça, ela riu, disse que eu era engraçado. Fingi que acreditei. A conversa estava animada, meu coração estava saltitante de alegria, ela era o que eu sempre desejei: bonita, culta, bem-vestida, elegante. Diferente de todas as outras mulheres que conheci antes.

Eu sonhei com aquele momento por um longo ano. Ela tocou minha mão, que gelada como o Pólo Norte, denunciava meu nervosismo. Claro que percebeu, mas não disse nada. De repente, as suas mãos se colocaram em meu rosto. Meu coração já não estava mais comigo, tinha pulado boca à fora, sobressaltado. Ela disse: -porquê você nunca tentou me beijar? Balbuciei qualquer bobagem, não conseguia falar nada. Estava encantado. De pronto, ela chegou seu rosto perto do meu, e nossos lábios se tocaram. As minhas pálpebras pareciam ter três toneladas de peso, cada. Queria guardar na memória este momento. Não consegui. Fiquei sentido sua boca doce e levemente úmida roçar a minha. Que delírio! Que sensação maravilhosa! A língua dela me invadiu sem encontrar nenhuma resistência. Estava completamente entregue. Levemente, minhas mãos tocaram seu rosto e nuca. Eu nunca tinha sentido pele tão macia, nem cabelos tão sedosos. O beijo parecia durar uma eternidade. Eu pensei comigo: será que ela está gostando tanto quanto eu? A resposta não tardou. Ao sentir uma lágrima escorrer demeu olho esquerdo e se perder em sua mão, ela deu um leve sorriso. Eu senti. Era quase imperceptível, mas eu senti. Ela então, me envolveu em seus braços. Eu tentei me controlar, mas a força do momento era impossível de ser eqüilibrada. Parecia um garotinho. Chorei. Era a maneira de demostrar meu sentimento por ela.

Hoje, ainda quando eu passo naquela praça, sinto todas as sensações do dia que ela me beijou. Se eu soubesse antes que seria a única oportunidade da minha vida de ficar com ela, teria lhe dito que a amava muito. Um tiroteio atrás de nós, acabou com o beijo e meus sonhos. Essa guerra eu perdi. A violência do Rio roubou minha mais preciosa jóia.

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